quarta-feira, 16 de junho de 2010

Auto estima, tem quem quer...


A palavra auto- estima já se define por si só, e muitas pessoas confundem o uso da palavra auto estima, como se ela já dissesse que é alta, e na verdade, a palavra auto estima, quer dizer sobre o valor que nós damos para nós mesmos, como um julgamento que eu faço a meu respeito, se eu me acho legal, se eu me acho interessante, se eu me acho uma pessoa cativante, ou se eu me acho chata, burra, enfim, é o como eu me percebo no mundo, por mim mesmo.

E como é que a auto estima é formada dentro da gente?

Até o nosso primeiro ano de vida, toda criança passa por uma fase chamada de fase mágica, ela acredita que ela própria consiga suprir todas as necessidades que ela tem, quando ela sente fome, aparece o leite, quando ela sente frio, aparece algo que a aqueça, quando ela se sente suja aparece o banho, e assim por diante, e isso faz com que ela acredite no seu poder interno, acredita que é capaz de conseguir ter o que ela sente falta, e assim vai se sentindo segura frente aos desafios que a vida traz.

E essas crenças são levadas para a vida adulta, a criança que não teve uma mãe que prestasse atenção em suas necessidades básicas, acredita que ela não tem capacidade de conseguir ter as coisas que sente falta, e leva para a vida adulta a sensação de que não tem capacidade, e se sente insegura. Essas crianças geralmente são aquelas que precisam se apoiar em objetos de poder, arma, drogas, força física, beleza, dinheiro, e várias outras coisas que as fazem se sentir bem com elas mesmas, acreditando que isso vai deixá-la feliz.

E não é por isso que as pessoas devem atribuir a culpa aos seus pais, porque enquanto crianças, eles tem responsabilidades sobre nós, mas quando nos tornamos adultos, essa responsabilidade que é bem diferente da palavra culpa, deve ser apenas nossa e de mais ninguém!!!!!!

A partir dos 3 anos de idade a criança começa então a ter a sua própria consciência, começa a adquirir os valores, e os princípios que são passados pelos pais, e isso é cultural, o que tem valor para um, pode não ter para outro e assim por diante, mas o que influencia diretamente a nossa auto estima é também o fato de irmos contra os nossos valores, quando isso acontece, nos perdemos no meio do caminho nos afastando de nós mesmos, e isso abala qualquer auto estima, porque como que vamos conseguir olhar para nós mesmos e gostar do que vemos ou não, se não sabemos mais quem somos?

Durante a adolescência, o adolescente fica perdido em relação aos seus valores, geralmente o que é errado na casa do amigo é mais certo do que acontece na sua casa, os seus valores ficam estremecidos por causa da tentativa de se diferenciarem dos seus pais e conseguirem ter uma identidade própria, e é por isso que todo adolescente tem a auto estima baixa. Qualquer espinha é o suficiente para que ele não queira aparecer na escola, e na verdade, a auto estima não tem nada a ver com beleza, tem a ver com como estamos nos sentindo, se estamos indo de encontro com nossos valores, se estamos sendo aceitos por nós mesmos, ou não, um bom exemplo disso é quando não estamos nos sentindo bonitas ou bonitos, e o outro vem e diz que está lindo, não adianta, pode vir qualquer pessoa dizer o que quiser, que se não estivermos nos sentindo bem aos nossos olhos, não vamos conseguir nos sentirmos bem pelos olhos dos outros, e se engana quem vai atrás de mil cirurgias plásticas querendo reparar alguma coisa que ela não consegue aceitar nela mesma, a auto estima que a pessoa sente após uma cirurgia plástica é momentânea, é passageira, logo a auto estima que era baixa, volta a aparecer. Se prá uma pessoa o valor que ela atribui a beleza é maior do que outros valores, ela se torna escrava, se torna dependente da beleza prá ser feliz, prá estar sempre se sentindo bem, ou seja, nunca vai estar feliz realmente, apenas momentaneamente. Se pra outra pessoa se sentir bem, ele precisa ser rico, ter dinheiro, também nesse caso, vai virar escravo, colocando o valor que ele deveria sentir por ele mesmo no dinheiro e não nele.

A auto estima está diretamente ligada à felicidade, ao bem estar, ligada àquela sensação de paz interna, quando nos percebemos bem com nós mesmos, quando estamos em paz, independente de dinheiro, independente de beleza, independente da atenção dos outros, seja lá onde for que as pessoas estão depositando a sua auto estima que lá atrás foi construída de uma forma negativa, o importante é que tenham consciência de que não vão alcançar, e vai ter sempre um vazio prá preencher.

Quando as pessoas se sentem diminuídas, se sentem inferiores às outras, relacionam um objeto de poder para que se sintam de alguma forma fortes e confiantes, como o exemplo da arma, o exemplo da força física que falei anteriormente, e quando isso acontece, a pessoa geralmente se sente obrigada a alguma coisa, é obrigada a estar bonita pra ela ser notada e se sentir bem com ela mesma, a pessoa é obrigada a ser rico para não se sentir humilhado, é obrigado a ter músculos para que os outros o notem, enfim, se tornam escravos deles mesmos, organizam a sua personalidade no sentimento de obrigação, aí a pessoa começa a idealizar uma maneira de ser, um comportamento que se adéqüe ao que ela está querendo e tentando ser para se sentir bem e feliz, e começa então a ter uma atitude perante a vida que a defenda dos perigos que ela acha que existem contra ela, são aquelas pessoas que pensam assim “se eu não estiver bonita, ninguém vai me amar”, se eu não for rico, ninguém vai me respeitar, se seu não for forte ninguém vai me notar, e aí conseqüentemente tem que cumprir aquele papel que criou, tem que manter uma conduta que corresponda às suas expectativas, pra se sentir defendida das ameaças que ela sente perante a vida.

Pelo fato da pessoa já estar agindo para se defender, por medo de sofrer, e não pelos seus valores reais, ela vai contra ela mesma, contra a sua natureza, ela não consegue enxergar seus valores, suas capacidades, não consegue ter uma auto estima alta, vive para atingir algo para daí se sentir bem, coloca a sua felicidade nas coisas, nas pessoas, e vai permanecendo inseguro porque sempre depende de alguma coisa para se sentir bem com ele mesmo, e isso gera frustração, porque não tem como superarmos as nossas expectativas se estamos criando um personagem, criando atitudes que não são nossas, pensamentos que não são nossos, eles estão em nossas cabeças, partem de nossas emoções, mas não são a nossa essência, é apenas um lado nosso que tem pavor de deixar a vida seguir sem tentar ter controle. A própria palavra controle já diz exatamente isso, significa contra o rolar da vida, não deixar as coisas acontecerem como de fato devem acontecer, aceitar a si próprio como se é, resgatar os valores reais que existem dentro de cada um de nós, sem medo da vida, sem medo de viver, sem medo de sofrer, todo mundo sofre, e evitar o tempo todo o sofrimento, faz com que as coisas boas passem por desapercebido pelo medo de sofrer.

Quando por algum motivo as pessoas se obrigam a algo para se sentirem bem com elas mesmas, e não correspondem às suas próprias expectativas, gera problema, e mesmo quando as pessoas que mantém uma auto estima alta, mas não consegue cumprir o que promete a si mesma, como dizer que vai começar a fazer academia e não vai, que vai começar a fazer tal coisa, que sabe que vai ajudá-la e não faz, sua auto estima também vai com certeza baixar, porque tudo o que cumprimos para nós mesmos, está ligado ao auto valor que nos damos, a importância que temos para nós mesmos.

Quando dizem você deve se amar primeiro para depois amar o outro, não quer dizer literalmente amar, porque é impossível sentir o amor que sentimos pelo outro por nós mesmos, quer dizer se valorizar, se respeitar, pensar em si próprio primeiro, não como uma atitude egoísta, mas como uma atitude de fazer o bem primeiramente para si, e aí sim, conseguir estar bem para se relacionar com o outro, para estar de fato ao lado de alguém, quem não se dá valor e deposita todo o valor no outro, está dizendo a si próprio o quanto o outro é melhor e merece mais do que você mesmo, e ainda espera que pelo fato de ter dado valor ao outro, que seja reconhecido por tudo o que fez, como se fizesse para receber o que de si próprio não recebe.

Então qual seria a solução para quem nunca se sentiu bem, nunca se sentiu satisfeito consigo próprio?

De novo vou falar sobre o autoconhecimento, quando nos voltamos para nós mesmos, conhecemos os nossos medos, os nossos fantasmas, começamos a perceber as nossas atitudes, o que é que está levando a gente a agir na defensiva o tempo todo e evitando sofrer.

Você tem medo do que? O que de tão ruim poderia acontecer com você, se você se soltasse um pouco, se você não tentasse controlar tudo e todos? O que de tão ruim aconteceria com você se por um instante você se desarmasse psiquicamente de seus pensamentos negativos?

Se você fosse exatamente quem você é com defeitos e virtudes que todos têm. Assumir e aceitar seus defeitos, notar quais são as suas facilidades, o que é que você faz tão bem, que nem percebe a hora passar? Notar quantas coisas boas você tem guardado e não mostra com medo de que se mostre frágil perante as pessoas, de novo evitando sofrer.

A partir de uma análise profunda você vai começar a ver o quanto você está evitando ser você mesmo, quanta energia você gasta criando uma pessoa que você acha que vai ser melhor, que vai ser mais aceita por você mesma e pelos outros, vai começar a se desarmar, começar a olhar a vida por uma ótica diferente, enfrentando os desafios, os medos, e quando notar isso e aos poucos resgatar os reais valores que permanecem aí dentro, para que aí sim você consiga ver os seus valores, o quanto você estima você mesmo, o quanto é prazeroso ser exatamente quem se é.

Somente fazendo um auto resgate é que as pessoas conseguem deixar de lado tudo de ruim que a auto estima baixa traz, como o ciúmes excessivo, a inveja que está diretamente relacionado ao desprazer de ser quem se é, o medo de perder as coisas que acham que têm, por isso do controle excessivo frente aos outros, e às coisas.



Todos nós somos cíclicos, em uma fase estamos bem, e em outras nem tanto, a diferença entre as pessoas que mantém a auto estima alta e a outra que tem a auto estima baixa, é que quando vêm as fases em que não estamos tão bem, conseguimos perceber caminhos que nos levam a melhorar, vamos atrás de recursos que possam trazer de volta o equilíbrio que está faltando no momento, enquanto que as pessoas com auto estima baixa, ficam presas em não aceitarem o que está acontecendo de ruim com elas, ficam inconformadas dos outros conseguirem o que elas querem, e não fazem nada para melhorar, apenas reclamam da vida, culpam o outro sempre por estar faltando algo a elas e se tornam pessoas amargas, descrentes nelas e na vida, se tornam doentes e cada vez enfraquecem mais, é um ciclo vicioso.

Tornem-se vocês mesmos, reflitam sobre seus medos, resgatem seus valores internos, pensem em vocês em primeiro lugar, respeite as suas vontades, não tenha medo de perder o que acha que tem, por que na verdade não temos nada e não temos ninguém, só usufruímos das coisas e das pessoas, só temos a nós mesmos todo o tempo, e o que é que você está fazendo com a única coisa que te pertence?

Olhe para você e veja o quanto está aprisionado em não perder, em não perder o amor dos outros, em não perder o emprego que para você é chato, mas você não gosta nem de pensar na insegurança que te dá em ir atrás de uma coisa que gosta, mas que não terá a segurança que esse emprego te traz, no namoro que está empurrando com a barriga por medo de ficar sozinha ou sozinho.

Viva pelo que a vida tem a te dar e não pelo medo que tem de que a vida tire o que acha que é seu.



Viva sem medo, o medo só traz insegurança e não permite que ajamos conforme queremos agir, pelo medo de sofrer.



FLÁVIA CAMARGO

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