segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Por uma ética dentro da estética: uma análise da obsessão pela beleza sob a ótica da Psicologia Junguiana.








Por uma ética dentro da estética: uma análise da obsessão pela beleza sob a ótica da Psicologia Junguiana.







GREGHI, Mônica P. K.1



FERNANDES, Flávia2



HERNANDEZ, Flávia3



MARQUES, Mônica T.4









Instituto de Psicologia Junguiana de Bauru e Região











Resumo: O presente trabalho tem por objetivo refletir, sob a ótica de conceitos Junguianos, acerca do fenômeno crescente da obsessão pela beleza física. É cada vez mais freqüente, notadamente entre a população feminina, uma preocupação excessiva com a estética do próprio corpo, constituindo-se esta, num motivo crescente de busca por auxílio psicológico. Considerado atualmente uma verdadeira “patologia cultural”, este fenômeno põe em cheque a autonomia feminina que se vê diante de grilhões outros - não mais os das tarefas domésticas - mas sim, os da perfeição estética a qualquer preço, mesmo que isto incorra em adoecimento físico e psíquico. Não descartamos a importância de procedimentos estéticos na promoção da qualidade de vida, nem é nosso intuito questionar tais áreas, apontamos para as desmesuras e o exagero. Procuramos repassar historicamente a literatura acerca da evolução do conceito cultural, mítico, filosófico e psicológico do feminino e do papel do corpo enquanto ícone estético e representativo-simbólico deste “ser-mulher-metamorfose”. Finalizamos propondo uma reflexão por parte dos profissionais de saúde acerca de uma atuação ética dentro dos serviços estéticos.



Palavras-chave: Beleza, feminino, estética, dismorfismo.















1.A mulher na mitologia: deusas belas ou inteligentes







Mesmo compreendendo que a mitologia representa faces arquetípicas de um todo, não podemos deixar de salientar um aspecto intimamente relacionado ao temo desde trabalho: o da existência de uma divisão entre as deusas da inteligência/ação (Athenas e Arthemis) e da beleza.



Temos Afrodite, deusa da beleza, a ela associadas às artes, as flores, a poesia. Nasce do esperma do pai em união com as águas do mar. Sua origem já associa a beleza à sexualidade. No pólo oposto, representando a inteligência, o pensamento, a civilização e a guerra, temos a deusa Athena. Ela nasce da cabeça de seu pai.



Sua origem associa a inteligência ao masculino. Uma deusa tão sábia não pode nascer do corpo da mãe? Ou de outra parte do corpo do pai, como Afrodite? Assim, a deusa inteligente fica a dever seus dons à “cabeça do pai”. Isto demonstra, mesmo na mitologia, a desvalorização da inteligência da mulher. (Andrioli, 2003)







2 . A mulher e a filosofia: a dicotomia entre o belo e o sábio







Foi durante o séc. XVIII que surgiu pela primeira vez na filosofia a definição da tríade metafísica, a qual Platão denominou “Erótica”, dos inseparáveis conceitos “belo-bom-verdadeiro”. Tais conceitos eram atribuídos ao feminino, que, no entanto, conservava-se apartado do mundo das idéias. As mulheres que empreendiam seus vôos em ares filosóficos eram olhadas com maus olhos e tornavam-se alvo de piadas. (Tiburi, 2006).



Para elas, criam-se os ramos “não-eidéticos” - (aisthésis), preocupação da filosofia com a estética e as sensações. Era composto por atividades ligadas às artes visuais e sensoriais, tendo como representante a mulher.



Cria-se, assim, a dicotomia entre o belo e o sábio. À mulher cabia ser e lidar com o belo. Ao homem cabia explorar e representar o conhecimento. O pensamento vigente entre os filósofos da época era: à mulher é permitido uma mente e um corpo belo, “mas não os dois simultaneamente”. Temos em Kant: “Uma mulher que tem a cabeça cheia de grego, ou que disputa sobressaltadamente sobre temas de mecânica, só lhe falta a barba para expressar melhor a profundidade do espírito que ambiciona”. (Rosencranz citado por Tiburi, 2006).



Assim, desde os primórdios da filosofia, a mulher foi apartada das suas habilidades intelectuais em nome daquele que deveria ser o seu “talento maior”: o de ser bela. A ela, restava a beleza, as artes e a maternidade.



A construção deste ser feminino, ligado somente a um conceito de corpo objetivou a transformação das mulheres no “belo sexo” .







3 . A mulher burguesa: a beleza como status







A partir da Revolução industrial fez uma separação: temos a mulher burguesa linda, “bem tratada”, pele alva, mãos impecáveis. Ela deveria representar socialmente o nível de posses do esposo. Sua pele alva e macia apontava para uma vida sem trabalhos, contrastando com as das operárias “descuidadas e feias”. Seus adornos apresentavam o grau de riqueza familiar e sua prole extensa atestava a virilidade do esposo.



Temos a “mulher estandarte”, que já se encontra perdida de sua essência, assumindo papéis a ela atribuídos por um inconsciente coletivo. Tal mulher tinha por mérito apresentar uma casa impecável, filhos lindos e saudáveis, capacidade de ordenar suas governantas (pois a ela era negado o direito de executar trabalhos domésticos, a não ser leves bordados, pinturas, etc.) e tornar seu lar um recanto feliz para o esposo.



Caso contrário ela estaria “errada”, fora dos padrões.







4 . A mulher se desenvolve: a beleza como prisão







A mulher inicia sua conquista por um lugar ao sol. Buscou direitos sobre seu corpo – a pílula anticoncepcional -, direitos sobre sua autonomia – não mais é obrigada a ser mãe, nem, sequer, a se casar -, direitos sobre seus caminhos e realizações pessoais – ascensão ao mercado de trabalho. Sem contar com o direito civil, que a torna cidadã – a opinião da mulher-decorativa começa a ser levada em conta.



Surge uma mulher independente do homem. Nasce uma ferida no patriarcado. A mulher não carrega mais o fardo de estar “sempre, de alguma forma, errada”.



Contudo, o patriarcado ferido tenta limitar o crescimento feminino e, com medo de perder o poder, incute na mulher que ela “novamente está errada”. Temos em RUSSO (RUSSO citado por TOMMASO, 2005) que:







“A mulher não perde mais noites de sono preocupada com o que vais servir no jantar, mas, perde horas e horas “puxando ferro” na academia. Fica maluca se encontra uma celulite ou se engordou três kilos." (p.3).







Sem perceber, a mulher obedece aos padrões estéticos, cegamente, e este passa a constituir-se em uma nova prisão.



O patriarcado reproduz o discurso dos filósofos da antiguidade: “À mulher é permitido uma mente e um corpo belo, mas, não os dois simultaneamente” (Rosencranz apud Tiburi, 1996).







5. A mulher no capitalismo: a beleza como bem de consumo







Atrelado ao interesse de se limitar o desenvolvimento feminino, surgem as grandes marcas cosméticas. A indústria da beleza nasce como uma grande produtora de ilusões e de dinheiro. A beleza passa a ser um bem de consumo. A mulher precisa comprar desenfreadamente para manter-se jovem para não ser descartada. Numa sociedade onde a tecnologia descarta dia após dia o que já foi superado, vale tudo: cremes, dietas, simpatias, choques, apliques, e cirurgias.



A mídia reforça, cada vez mais, a noção de que o sucesso está atrelado à magreza e à "boa aparência". Segundo TOMMASO5 (2005): "A imensa maioria das heroínas de tevê é excepcionalmente magra. As que estão acima do peso ocupam papéis jocosos ou caricatos“.



Se percorrermos as revistas femininas atualmente, vemos um apelo assustador pela beleza acima de qualquer coisa:







“Aprenda a fazer em casa a escova de chocolate e fique com cara de rica” (revista “Ana Maria”, Setembro, 2006).



“Ao deixar meus cabelos ao natural na novela, eu estou libertando muitas mulheres que achavam que rica só tinha cabelo liso” (Ana Paula Arósio, revista “Veja”, Outubro, 2006).



“Você também pode ter a pele igual às das famosas, gastando pouco, nós ensinamos como” (revista “Conta Mais”, Setembro, 2006).







6. Patologia cultural: ser belo a qualquer preço







É notável nos consultórios dos psicólogos e psiquiatras brasileiros, o incremento do número de patologias relacionadas à obsessão pela beleza. Temos desde uma insatisfação estética com o corpo, desencadeando problemas de auto-estima e até transtornos graves, como os transtornos alimentares - bulimia e anorexia – transtornos dismórficos – gerando verdadeiras deformidades por abuso de cirurgias.



Uma pesquisa realizada pela Unilever-Dove com 3.200 mulheres entre de 18 e 24 anos em 10 países revelou que apenas 2% delas se definem como belas. No Brasil, esse índice cai para 1%. (TOMMASO, 2006).



Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica indicam nosso país como o segundo do mundo onde mais se realizam cirurgias desse tipo (estéticas), 13% só em adolescentes – no ano de 2003, foram 94.845 nessa faixa etária, sendo que mais da metade corresponde a operações estéticas, que não estão relacionadas à saúde física. (TOMMASO, 2006).



Na busca de integração de padrões estéticos, mulheres, sobretudo as adolescentes, prejudicam o seu organismo submetendo-se a regimes espartanos, desde cedo.



Uma modelo6, em entrevista na mídia, afirmou que foi criada para ser modelo: ao nascer sua mãe já havia traçado o seu destino. Ela tinha vontade de ser professora, mas virou top como queria a mãe. Na infância não podia fazer muita coisa. As refeições eram controladas, as brincadeiras monitoradas. 'Nem brincar de bicicleta eu podia, para não me machucar e ficar com cicatrizes. '“



Recentemente, assistimos ao triste episódio de uma modelo “morrer de fome”, com anorexia. A anorexia atinge 1,2% das meninas adolescentes sendo que, dessas, 1 em 10 morrem por desnutrição, parada cardíaca ou suicídio. A grande maioria das pessoas que sofrem transtornos alimentares (90%) é adolescente e mulheres jovens. (ABULIM7, 2006). Temos um depoimento de uma ex-anoréxica:





"Nem lembro bem quando tudo começou. Esse é um processo longo,

sempre tinha inveja quando olhava a barriga das modelos nas revistas, quando via um desfile. “Ainda vou à barriga assim’”. Pensava. (...) Estava com 47 kg e 1,58m quando comecei. (...) Cortei todos os doces, guloseimas, salgados e gorduras do cardápio, mas continuava tomando leite (um iogurte desnatado light), carboidratos (2 fatias de pão light), e comprava quase todos os produtos diet e light que encontrava. Quando dormia, nos sonhos só me via como uma pessoa obesa, onde tudo o que tocava (inclusive coisas inanimadas, como armários) inchavam. Todos a minha volta eram gordos.(...) Outros médicos foram tentados, mas eu simplesmente os odiava, já que todos diziam que eu estava com anorexia, algo no qual eu não podia acreditar. 0 inverno havia chegado, o frio era grande e não havia como me esquentar. Bolsas de água quente ou mesmo muitas cobertas não adiantavam, já que eu não produzia calor próprio. Meu cabelo estava caindo e me sentia fraca, mas nem por isso desistia das dietas e dos exercícios físicos. Já não conseguia me levantar da cama ao amanhecer, sempre desmaiava. Mas, PRECISAVA emagrecer, ter a barriga das modelos. Minha família, claro, começou a perceber que estava comendo muito pouco, então minha mãe resolveu me levar a uma psicóloga. Não me contive, comecei a chorar. Não queria ir pois tinha medo que ela me mandasse comer mais. (...) Então ela me falou: "Você esta com anorexia. Ainda não é grave, mas vamos sair dessa?‘(...) Não queria mais sair com medo que tivesse que comer algo calórico. (...)Com o tempo me acostumei, cai em mim, o remédio do Hamilton me havia feito engordar um monte, mas não sentia raiva dele. Já estava bem melhor. Ou pelo menos achava que estava. Voltei a crescer, a ovular, a ter disposição e minha felicidade não se resumia a massa corporal, como antes.

Mas isso me serviu, como tudo na vida, foi uma experiência. Talvez se não tivesse passado por isso, nunca teria visto meu pai chorando, e nunca teria descoberto que ele me ama." (WWW. Abulim.com.br)







7. A medicina NÂO é a vilã







Gostaríamos de ressaltar que as inovações e as cirurgias estéticas são importantes para a qualidade de vida das pessoas que as procuram com queixas fundadas em padrões realísticos de estética e saúde física. A medicina estética não é a vilã desta história. Ao contrário, a possibilidade de se poder aperfeiçoar o corpo humano é fantástica. Há casos, inclusive, em que se devolve a dignidade para a vida (deformidades, doenças, acidentes, etc.). Poder envelhecer bem, o mais sensatamente belo possível, é ótimo. Sentir-se belo e procurar a beleza é um direito de todos.



O que questionamos aqui é o abuso de tais procedimentos, por parte do paciente e com a anuência de alguns médicos.







8 . No vazio da essência, busca-se a aparência.







Vivemos um descarte de valores essenciais da natureza humana, em nome de consumismos e aparências. Vivemos também, numa sociedade em que ocorreu um descarte de valores de outras instituições tais como a família, a comunidade religiosa, o convívio entre os amigos...



É difícil viver na “falta” de algo e procuramos, rapidamente, substituir o que nos falta. Mas, muitas vezes, a não consciência do que nos falta, nos leva a buscar ilusões, sob véus de sucesso, fama e dinheiro. Nesta busca por substitutos de valores perdidos, o corpo belo passa a exercer um papel por demais idealizado.



As modelos se apresentam como “deusas” aos olhos das pessoas, mas, talvez, só recentemente estejamos tendo acesso ao “inferno” (e não ao Olimpo) no qual elas vivem:



Os 10 mandamentos da nova modelo8:



1º)Ser muito magra;

2º)Não ter curvas;

3º)Usar cabelo curto e desfiado;

4º)Tingir o cabelo de loiro, sem mechas;

5º) Clarear a sobrancelha para parecer mais pálida;

6º) Fugir do sol;

7º) Não usar maquiagem para ressaltar a palidez do rosto;

8º) Desfilar sem rebolar e sem marchar;

9º) Não dar a quebradinha no fim da 10º) Desfilar com jeito de menino, com atitude desleixada.







Num concurso para escolher as novas paquitas, da Xuxa. Entre 8.492 candidatas, somente 8 realizaram seu sonho. Dentre elas, uma menina de 9 anos diz que abusa da bicicleta ergométrica para manter a forma. Outra vencedora acaba de perder 2 dentes de leite e, até que eles nasçam, tem que posar de perfil para as fotos, o que nos revela uma criança tentando se esconder por trás do papel de moça.







9. A busca obsessiva pela beleza e juventude: uma ótica Junguiana







A natureza tem seu urso. È de se supor que o homem bem integrado com a natureza consiga entender tal curso e inserir-se nele.



Ao definir o processo de individuação, JUNG (2001) esclarece que aquele que já teve resolvida grande parte da tarefa da individuação sai de seu isolamento e dirige-se ao coletivo, não se confundindo com ele, mas, a ele se se integrando.



À idéia de coletivo insere-se também a dos ciclos naturais de desenvolvimento e crescimento do indivíduo, uma vez que este deva ceder seu lugar no mundo a novos ciclos vitais, quando o seu já estiver cumprido.



Assim, o homem que reluta em cumprir tal ciclo, teima com o tempo, luta contra o seu ciclo, não quer envelhecer.



Podemos associar a relutância do homem moderno em envelhecer e cumprir seu ciclo vital – ainda mais notadamente projetada na mulher, mas que vem se estendendo para os homens – à incapacidade de cumprir suas tarefas de individuação.



BYINGTON, (1987), refere que o corpo e os seus ciclos são grandes regentes da nossa individuação. Perder de vista o ritmo corporal é perder-se do próprio ritmo existencial.



Não se pode lutar insanamente contra a passagem do tempo, expressa no corpo e no envelhecimento, sem que se percam os rituais de passagem.



Acerca da importância doa rituais, JUNG (2001) salientou que eles facilitam a constelação de arquétipos essenciais para a individuação. O fio branco de cabelo não indica decadência, mas, ritualiza uma nova etapa da individuação. Tudo depende do modo como a cultura e o indivíduo concebem tais símbolos.



Nossa cultura associou as demarcações físicas do envelhecimento a símbolos de decadência e doença.



JUNG (1997) também assinalou a importância de o homem inserir-se na segunda metade da vida, após a tão intensa metanóia, que vai possibilitar que ele reveja o que lhe faltou na fase mais jovem e parta em busca de sua completude.



Trata-se de uma fase de centroversão, na qual a libido é dirigida a valores internos, essenciais, mais distantes do físico. O corpo continua importante, obviamente, porém, é relegado a um segundo plano – valores espirituais, segundo JUNG (1997), tomam a linha de frente na energética da psique.



Em termos arquetípicos, deixa-se de lado o Herói, e procura-se valores do Velho Sábio.



Nossa cultura denuncia a falência de tal ciclo, na medida em que promove a perpetuação do Herói em detrimento do Velho sábio.



E segue o homem moderno sem conseguir inserir-se em valores da segunda metade da vida, fase de emersão de outros valores além da beleza do corpo.



A primeira metade da vida também é muito demarcada pela importância da persona. Ser aceito e amado garante ao homem maiores oportunidades de sobrevivência e sucesso – valores proeminentes desta fase.



Nossa cultura valoriza o jovem e o belo. Numa sociedade que funciona ao ritmo dos computadores, o “bit-corpo” é retocado e renovado a cada dia. Aquele que for incapaz de seguir seu curso de individuação terá, portanto, na cultura atual um enorme reforçador para que se mantenha eternamente atrelado à obrigatoriedade de se apresentar jovem e belo. Não é suficiente para ele ter “idéias jovens e belas”, ao contrário, como o heróico personagem da primeira metade da vida, ele precisa concretamente apresentar-se jovem e belo.



Tal indivíduo é incapaz de conceber-se dentro de um processo natural de envelhecimento físico, ao qual segue em paralelo um crescimento espiritual, se tudo correu a contento.



O abuso de procedimentos estéticos, portanto, nos aponta para a identificação com uma persona que teima em não ceder à passagem do tempo. O indivíduo apresenta-se ao mundo insistindo em ter uma aparência cronologicamente deslocada, ou, como diria JUNG (2001) acerca dos complexos autônomos, com uma aparência “fora de tom”.



Por isso a busca obsessiva pela beleza física, uma vez iniciada, não parece ter fim. Tal busca se constitui num complexo autônomo, que briga com o ciclo metanóico, tal como Chronos, que devora seus filhos para que não haja sucessão do seu trono, devora outras possibilidades de desabrochar do homem e do seu ciclo natural.







10. Considerações finais







Propomos uma reflexão por parte dos profissionais de saúde acerca do seu papel nesta busca obsessiva de muitos de seus pacientes pela inserção em padrões estéticos desumanos e irreais. Esta reflexão é necessária ao psicólogo que precisa perceber o quanto o desejo de seu paciente pertence a ele, genuinamente e o quanto se trata de uma exigência coletiva na qual aquele ser luta, sofregamente, para inserir-se.



Passa pelos consultórios de nutricionistas, que necessitam detectar se a dieta aconselhada está sendo seguida em nome da saúde ou da estética. Passa pelo médico, notadamente pelo cirurgião plástico, que urge detectar se o pedido de transformação estética tem bases realísticas ou se trata de uma metamorfose em busca de amor e aceitação. O cirurgião plástico é um elemento essencial na busca por uma atitude ética na área da estética.



Para aqueles que temem a passagem do tempo, preocupados em demasia com sua aparência, propomos que tentem um novo olhar, que ampliem seus horizontes em relação ao seu valor como indivíduo e ao dos que os cercam. Parafraseando Saint-Exupery, “o essencial é invisível aos olhos”.



Finalmente, uma reflexão se faz necessária na mídia: o homem é um ser multifacetado, possui inúmeras qualidades. A beleza é uma delas. Não teríamos outros tantos aspectos a serem explorados?



Na mitologia grega, Afrodite – amais bela das deusas - desposa Hefesto, homem coxo e feio. Tal situação nos aponta para o métron9 que falta na busca da perfeição estética: o belo precisa “desposar o feio”. Nas palavras de Tiburi, (2006):



“O Paradoxo a ser enfrentado é o de que a única coisa bela é aquela que não é totalmente bela”. (p.3)























































Referências Bibliográficas















ANDRIOLI, L. A. A mulher na história da filosofia: uma análise na perspectiva.



da corporeidade. Revista Espaço Acadêmico – Nº58 – Março de 2006









BYINGTON, C. A. Dimensões simbólicas da personalidade. São Paulo, Ática,



1988.









JUNG, C. G. A Natureza da Psique. Rio de Janeiro, Vozes, 1997.









---------------------- O Eu e o Inconsciente. RJ, Vozes, 15ª ed., 2001.







TIBURI, M. Esboço de crítica sobre as relações entre Metafísica, Estética e



Mulheres na Filosofia. IGT na Rede Nº5 (www.igt.psc.br), Rio de Janeiro,



V 3, N 5, Agosto de 2006.







TOMMASO, 2005. Distúrbios alimentares. www.andi.org.br































1 Psicóloga Ms, Professora e Supervisora Clínica Junguiana - greghi23@uol.com.br



2 Psicóloga Clínica Junguiana - flaviahfernandes_9@hotmail.com



3 Psicóloga Clínica Junguiana - flavia_hernandez@hotmail.com



4 Psicóloga Clínica Junguiana - smonika@uol.com.br



5 Marco Antonio De Tommaso, psicólogo e membro da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade – SP.







6 Por motivos éticos, ocultaremos referência à identidade da modelo.



7 Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas – SP.



8 Revista “Capricho”, Julho de 2001.



9 Conceito grego relacionado à idéia da justa medida, a ausência de exageros.

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